Belezas de Piri que florescem com a chegada da Primavera

Belezas de Piri que florescem com a chegada da Primavera

Árvore símbolo do Brasil, o Ipê-Amarelo também tem lugar de destaque no Cerrado e não à toa. É no fim do inverno, período mais seco do ano, que suas flores começam a desabrochar e, em um perfeito contraste com o céu azul e com a vegetação seca, a revigorar as paisagens de diferentes regiões do país. A intensa coloração e a exuberância de suas flores também anunciam a aproximação da Primavera, que vai de setembro a dezembro e é tipicamente associada ao reflorescimento da flora terrestre.

Mas nem só de Ipê-Amarelo vive a Primavera no Cerrado. Conhecida não por acaso como estação das flores, esta época do ano também revela muitos outros tesouros da flora brasileira. Marcelo Kuhlmann, biólogo e doutor em Botânica pela Universidade de Brasília, elenca alguns deles: o Pau-santo (Kielmeyera coriácea), o Pequi (Caryocar brasiliense), a Cagaita (Eugenia dysenterica), a Sucupira (Pterodon pubescens), a Carobinha (Jacaranda ulei) e a Gomeira (Vochysia thyrsoidea).

Essas e outras centenas de espécies trazem cor e vida para as paisagens e reafirmam a riqueza do Cerrado, que é considerado a savana mais rica do planeta, mas seu papel na natureza não se resume ao apelo visual. “Todas as plantas que produzem flores atrativas e vistosas fazem isso para atrair animais polinizadores, como abelhas, beija-flores e diversos outros insetos. É uma relação ecológica que evolui há milhares de anos, com as plantas dependendo dos animais para fecundarem suas flores e os animais dependendo das plantas para sua alimentação, sendo que um não sobrevive sem o outro”, explica Kuhlmann.

Autor de diferentes obras sobre a biodiversidade do Bioma Cerrado, como os livros 'Frutos e Sementes do Cerrado - Espécies Atrativas Para Fauna' e Frutos do Cerrado: 100 espécies atrativas para Homo sapiens - guia para coleta e usos’, o biólogo destaca, ainda, que é durante a Primavera que também se concentra a maior produção de frutos comestíveis.

Cagaita (Eugenia dysenterica), Araçá (Psidium spp.), Bacupari (Salacia crassifolia), Baru (Dipteryx alata), Cajuzinho-do-cerrado (Anacardium humile), Guapeva (Pouteria spp.), Mama-cadela (Brosimum gaudichaudii), Marmelo (Cordiera sessilis), Mutamba (Guazuma ulmifolia) e Puçá (Mouriri glazioviana) são alguns deles. “O Cerrado é um grande pomar, um verdadeiro tesouro da biodiversidade brasileira, que precisa ser melhor conhecido para ser valorizado e conservado, sendo a gastronomia uma excelente porta de entrada desses frutos para que caiam no gosto da nossa população”, salienta.

Além das mudanças na fauna e na flora, a Primavera ainda provoca alterações relevantes nos regimes pluviométricos e nas temperaturas. Conforme lembra Kuhlmann, a Primavera no Cerrado é marcada pelo fim da seca, quando a temperatura é bastante elevada, e início da estação chuvosa. Além do mais, o período é marcado por muitas queimadas que, apesar de serem prejudiciais tanto para a flora quanto para a fauna, também tem sua importância na renovação das plantas de formações mais abertas, como as savanas e campos do bioma, que poderão rebrotar e produzir flores com as primeiras chuvas, segundo o especialista.

Em Pirenópolis, além de embelezar a paisagem e deixar as ruas da cidade e do campo ainda mais encantadoras, a Primavera também é um convite para desfrutar de sua exuberante natureza e, inclusive, da gastronomia típica regional. “Como Pirenópolis está inserida no bioma Cerrado, tudo que mencionei anteriormente se aplica também a essa região. Nessa época do ano, o forte calor deixa bastante convidativo para mergulhar nas belas cachoeiras cristalinas e explorar a culinária local, incluindo os frutos do Cerrado que podemos encontrar nas trilhas e também em alguns restaurantes que sabem valorizar nossa biodiversidade”, arremata Kuhlmann.


Imagem: divulgação/internet