Um Cerrado para apreciar, desfrutar e cuidar
Mais de 12 mil espécies de plantas nativas, sendo 4,4 mil exclusivas da região, uma fauna que abriga cerca de 30% de toda a diversidade brasileira, nascentes que alimentam oito das 12 regiões hidrográficas brasileiras e uma área que se estende por dois milhões de quilômetros quadrados do território brasileiro. Esses são apenas alguns dos atributos que comprovam a grandeza e a potência do Cerrado que, não por acaso, é considerado o segundo maior bioma do Brasil e a savana com maior biodiversidade do mundo.
Em compensação, este também é um dos biomas mais ameaçados do país. Segundo o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM), mais da metade de sua vegetação nativa foi desmatada e cerca de 45% abriga pastagens e atividades agrícolas. Sem contar as queimadas que provocam diversos malefícios ao Cerrado brasileiro, como erosão, degradação do ambiente, perda da biodiversidade e, inclusive, prejuízos financeiros. Dados do Programa Queimadas, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostram que, considerando os primeiros oito meses de 2021, o Cerrado teve o seu maior número de focos de incêndio desde 2012, o equivalente a 31.566 focos de calor, contra 40.567, em 2012, e 60.325, em 2010. No primeiro semestre de 2022, o número de focos de calor no Cerrado inclusive seguiu alto. Foram registrados 10.869 focos, um aumento de 13% em comparação ao mesmo período de 2021 e o maior número para o período desde 2010. Além do mais, segundo estudo divulgado pela Confederação Nacional dos Municípios (CNM), a região Centro-Oeste é a mais afetada financeiramente pelas queimadas, com um prejuízo de R$ 837,8 milhões desde 2016.
Uma das cidades goianas que abriga o exuberante Cerrado é Pirenópolis, onde iniciativas de preservação do bioma fazem a diferença. Um exemplo é o trabalho realizado pelas estâncias Shambala Piri e Moriá Village, criadas com a proposta de chamar a atenção para a riqueza e diversidade deste bioma, promover experiências únicas de hospedagem em uma das regiões de maior biodiversidade do mundo e, inclusive, despertar para a preservação do Cerrado. Uma especificidade que chama atenção nos projetos é que o Moriá Village está situado justamente em uma área outrora destinada à pastagem para gado. “Enquanto muitas pessoas estão criando loteamentos, desmatando para criar áreas de pastagens, nós estamos fazendo o percurso contrário: pegamos uma área de pastagem e estamos reflorestando-a”, conta o empreendedor Neylon Jacob.
Entre as ações que vêm sendo desenvolvidas para a recuperação da área, destaca-se o plantio de cerca de 600 mudas de árvores típicas do Cerrado, realizado em parceria com o projeto ProFloresta, da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG), entre novembro de 2021 e fevereiro de 2022. A ideia é ocupar 40% da área com árvores nativas, iniciando pelas áreas ao redor do empreendimento e, posteriormente, incluindo as espécies entre as casas. Inclusive, um novo plantio de cerca de 500 mudas já está previsto para o segundo semestre.
Conforme explica o engenheiro florestal e coordenador do ProFloresta, professor Fábio Venturoli, o plantio de espécies arbóreas traz benefícios diretos e, em curto prazo, associados ao bem estar ambiental, como a recuperação da paisagem, abrigo e alimentação da fauna e também a melhoria da qualidade ambiental, ao evitar a erosão do solo e assoreamento de rios e lagos.
“Em longo prazo, ainda promove a fixação de carbono na biomassa contribuindo para mitigar os efeitos de mudanças climáticas. Além disso, para uso de espécies nativas, preserva o patrimônio genético destas espécies e garante a manutenção da biodiversidade, o que está diretamente relacionado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - ODS 11 (Cidades e Comunidades Sustentáveis), 13 (Ação Contra a Mudança Global do Clima), 15 (Vida Terrestre) e 17 (Parcerias e Meios de Implementação)”, acrescenta.
Jacob inclusive cita que já vem presenciando a aproximação de pássaros e bichos como aves, cervos e tatus nas áreas do Shambala e do Moriá. "Queremos que os bichos encontrem em nosso espaço um refúgio e que nossos hóspedes tenham as experiências mais sublimes", ressalta.
Cerrado para contemplar e se conectar
O empreendedor Neylon Jacob destaca que nas estâncias Shambala Piri e Moriá Village o grande diferencial é o ambiente capaz de proporcionar diferentes experiências e a conexão do homem com a natureza e com o universo.
“Tanto o Shambala, quanto o Moriá, permitem que as pessoas contemplem o pôr do sol, o céu, as estrelas, a lua, o amanhecer e tenham contato com pássaros e bichos típicos do Cerrado, como o tucano e o tatu. Isso resgata algo que, cada vez mais, é necessário para o homem, que é esse contato e imersão na natureza e a oportunidade de se conectar com sua verdadeira essência e descansar um pouco do estilo frenético dos grandes centros”, destaca.
Contudo, cada empreendimento tem sua particularidade. O Shambala Piri, por exemplo, oferece a possibilidade de desfrutar da tranquilidade do campo e viver como um morador local, com um conceito que remete à cultura caipira e sertaneja e que resgata tradições e hábitos culturais. Por lá, além de estar em sintonia com a natureza e com animais de estimação e colher frutas e hortaliças frescas, diretamente no pé, o hóspede ainda irá se deparar com elementos nostálgicos, como gamelas, fogão a lenha, lamparinas e lampiões, xícaras e pratos esmaltados.
Já a proposta do Moriá Village é reunir 12 cabanas, em uma área de 20 mil metros quadrados em meio às serras de Pirenópolis, com vista privilegiada para o pôr do sol. Duas delas estão prontas e oferecem experiências únicas por meio de produtos e serviços exclusivos, como lounge no rooftop, spa privativo, cinema a céu aberto, espaços para a prática de yoga, área para fogueira, cestas campais e vinhos especiais. O espaço, que é destinado para os casais, também contará futuramente com uma área de lazer com restaurante, espaço de coworking, e área destinada ao piquenique.
Preservação ambiental
Além da ação de reflorestamento, outras iniciativas também vêm sendo realizadas visando a preservação ambiental da região, como é o caso dos projetos de paisagismo das duas estâncias, que são compostos exclusivamente por espécies típicas do Cerrado; a poda continuada do capim, nas margens da rodovia, para evitar queimadas; e o monitoramento constante e, inclusive, notificação ao Corpo de Bombeiros, de eventuais focos de incêndio.
Além do mais, Jacob anuncia que pretende buscar, junto aos órgãos competentes, apoio para potencializar as campanhas de preservação do meio ambiente na região.
O Moriá ainda investe em outras ações ambientais que visam colaborar com melhorias para o meio ambiente, como o telhado verde e um sistema biodigestor para tratamento do esgoto, que garante menos prejuízo ao meio ambiente, já que os dejetos não entram em contato com o solo e cerca de 80% dos poluentes são removidos. Também estão sendo inseridos amenities veganos e com sistema biodegradável de produção.
Fotos: divulgação/Arcieri