Parceria busca recuperar espécies nativas do Cerrado

Parceria busca recuperar espécies nativas do Cerrado

O Cerrado, segundo maior bioma da América do Sul e berço de rica biodiversidade, vê sua existência ameaçada pelo avanço do desmatamento e das queimadas, que comprometem seus recursos hídricos e a sobrevivência de diversas espécies nos últimos anos.

A destruição da vegetação nativa causa a perda de habitat para diversas espécies de animais e plantas, muitas delas endêmicas e ameaçadas de extinção. O solo fica exposto à erosão, o que pode levar à desertificação. Além disso, a destruição do Cerrado impacta as nascentes de importantes rios brasileiros.

Especialistas alertam para a necessidade urgente de medidas eficazes para conter o desmatamento e as queimadas. Ações como o aumento da fiscalização ambiental e a promoção de práticas sustentáveis são essenciais para garantir a preservação desse bioma vital para o Brasil e para o mundo.


Diante desse crescimento alarmante, algumas iniciativas buscam reverter esse cenário por meio da recuperação de áreas degradadas. Em Pirenópolis, por exemplo, uma área de 20 mil metros quadrados, que antes era destinada à pastagem de gado, dará espaço ao reflorestamento com espécies nativas. Um projeto de recuperação do cerrado foi iniciado em 2021, com o plantio de mais de 600 mudas, resultado de uma parceria entre a estância Moriá Village e o ProFloresta, projeto de extensão da Escola de Agronomia da Universidade Federal de Goiás (UFG).

De acordo com o empreendedor Jacob, o objetivo é promover a recuperação da área com o plantio de diversas espécies típicas do Cerrado. “Já temos mudas de gabiroba, mangaba, ipê, aroeira e baru. Queremos, além de promover um maior contato dos visitantes com a natureza, atrair espécies animais, principalmente aves, como periquitos, tucanos e araras-azul”, destaca.

Segundo a doutoranda em Produção Vegetal e participante do ProFloresta, Indiara Nunes Mesquita, o projeto busca difundir o conhecimento técnico-científico relativo à conservação e manejo dos recursos florestais. Ela ainda afirma que, quanto maior o número de mudas plantadas e áreas restauradas, maior será o benefício do meio ambiente para a sociedade.

“O reflorestamento de locais como o Moriá será importante em vários aspectos, como na manutenção da umidade do solo e controle de inundações; controle da erosão pela proteção proporcionada pelo sistema radicular das plantas; prevenção contra tempestades de poeira que vem se tornando mais comuns em áreas abertas e desmatadas devido ao aquecimento global; redução na temperatura e na velocidade dos ventos; conservação da vida silvestre que além de encontrarem um refúgio no local reflorestado poderão propiciar a propagação de sementes e restauração da área”, destaca Indiara.




Essa iniciativa de reflorestamento em Pirenópolis demonstra um compromisso de longo prazo com a recuperação do Cerrado na área. Mesmo após o plantio inicial em 2021, o projeto continua ativo, com ações de manutenção das mudas já plantadas e a inserção de novas espécies no terreno a cada ano. Essa dedicação contínua garante a saúde da área em recuperação e fortalece a biodiversidade local. O objetivo é ambicioso: nos próximos anos, o projeto visa formar uma barreira verde ao redor de toda a área, consolidando um verdadeiro refúgio para a fauna e flora do Cerrado.